4 de out. de 2016

Hoje é dia de São Francisco!

Sempre gostei muito da história de São Francisco - pela simplicidade, pelo amor à natureza e pela sabedoria que nos inspira. 
E como gateira que sou, rs, esse santo está sempre presente no meu dia-a-dia, no convívio tão amoroso com meus companheirinhos. Um salve a São Francisco! 
 
Olhem só quanta gostosura poder conviver com esses seres tão carinhosos! 

Esse é o Duca, que adora subir nas árvores, abrir portas e comer espinafre.

Essa é a Sophie, a mais velha da turma, a mais charmosa e a mais dengosa. Literalmente, só faz o que quer.

O Khalid! Esse é um caso à parte. Carente, "pidão", o mais amoroso e o abraço de gato mais gostoso da vida!

E o que falar da Menina? Que foi chegando aos pouquinhos, sem ser convidada, e conquistou nosso coração. Meu chicletinho, um tanto temperamental, imprevisível, mas enche a casa de alegria!

E a família não para por aí... tem o Ozzie e a Lolla, os gatos do irmão mais novo.


O Zeca e o Catito (o primeiro da família, que já virou estrelinha), gatos dos meus pais.




E o Fradique (também já é uma estrelinha) e a Flor, gatos do irmão do meio.




E para fechar esse pequeno post, uma citação tirada do livro "Alice no país das Maravilhas", de Lewis Carrol:
"Aonde fica a saída?", Perguntou Alice ao gato que ria. 
"Depende", respondeu o gato.
"De quê?" replicou Alice. 
"Depende de para onde você que ir..."

São Francisco, protetor dos animais, sabia o quanto podemos aprender com essa convivência.
Eu aprendo todos os dias!







3 de out. de 2016

Grupos Arteterapêuticos para Terceira Idade


O Espaço Cuidar com Arte faz um convite especial para a terceira idade: 


Encontros Arteterapêuticos todas as segundas-feiras, das 15h às 17h, a partir do dia 24/10/2016.

Momento para estar em grupo e trocar experiências com outras pessoas, usando a expressão artística como recurso facilitador desse processo. 


O Espaço Cuidar com Arte está localizado a 180 metros do metrô Vila Madalena.

Esperamos por vocês!




26 de set. de 2016

Vida e Morte - a eterna dança da transformação


Temos uma dificuldade muito para lidar com a morte porque não conseguimos perceber que ela se faz presente o tempo todo em nossa vida! A morte enquanto transformação, enquanto processo de crescimento e evolução – só deixando morrer o que não nos cabe mais (nosso corpo infantil, nossas ilusões, um pensamento mais rígido, uma situação...) que podemos abrir espaço para o novo – uma nova configuração, um novo sentido, uma nova forma de ser.
Quanto mais nos apegamos ao que deixou de existir, ou ao que não tem mais espaço na agenda diária, mais fixados e neuróticos ficamos, mais rígidos e limitados em nossas percepções de mundo.
É preciso abertura para que o mundo aconteça, para que as vivências sejam acolhidas pelo nosso ser, e assim vamos nos transformando, rumo à nossa individuação.
Vida e morte se entrelaçam na dança da transformação, na geração de novos caminhos, na força da criatividade, em cada escolha efetivada, em cada desafio da vida, em cada passo da jornada.
Você é a mesma pessoa que foi ontem? O que mudou? O que morreu em você para dar vida a novas possibilidades?
Para continuarmos refletindo sobre essas questões, um vídeo que mostra o início da vida e todas as transformações presentes nos nove meses de gestação. O início que se dá pela morte/transformação do espermatozoide e do óvulo, para a formação do ovo. Morte e vida que se encontram no incessante processo de evolução humana. Diante desse fato, gosto muito da visão poética apresentada por Rubem Alves em seu texto “A morte como conselheira”. Alguns trechos: 

“É companheira silenciosa que fala com voz branda, sem querer nos aterrorizar, dizendo sempre a verdade e nos convidando à sabedoria de viver.
O que ela diz? Coisas assim:
“Bonito o crepúsculo, não? Veja as cores, como são lindas e efêmeras... Não se repetirão jamais. E não há formas de segura-las. Inútil tirar uma foto. A foto será sempre a memória de algo que deixou de ser... E esta tristeza que a beleza dá? Talvez porque você seja como o crepúsculo.... É preciso viver o instante. Não é possível colocar a vida numa caderneta de poupança...”
(...)
Na verdade, a Morte nunca fala sobre si mesma. Ela sempre nos fala sobre aquilo que estamos fazendo com a própria Vida, as perdas, os sonhos que não sonhamos, os riscos que não tomamos (por medo), os suicídios lentos que perpetramos.
(...)
Acho que para recuperarmos um pouco a sabedoria de viver seria preciso que nos tornássemos discípulos e não inimigos da Morte. Mas para isso seria preciso abrir espaço em nossas vidas para ouvir a sua voz. Seria preciso que voltássemos a ouvir os poetas....”

E agora, o vídeo:

12 de set. de 2016

Curso novo no Espaço Cuidar: Recursos arteterapêuticos na psicoterapia infantil de base fenomenológico-existencial

Estamos com projeto novo saindo do forno! Um curso que unirá a Fenomenologia Existencial, a Arteterapia e o trabalho clínico infantil.




Trabalhar com crianças em psicoterapia é, necessariamente, entrar em seu mundo e estabelecer o contato com ela a partir de sua linguagem própria, que é o lúdico, o brincar, o estar junto. Nesse sentido, é imprescindível que o profissional tenha uma gama de recursos lúdicos para apresentar à criança, pois só assim poderá compreender o seu modo de ser. 

Buscamos na Arteterapia as propostas a serem oferecidas no trabalho terapêutico infantil. A Arteterapia abre um universo de possibilidades a serem construídas no caminho em busca de superações e ressignificações. São diversos os materiais utilizados, cada qual com sua especificidade e objetivo. Falaremos sobre isso no curso - o que promove o trabalho com cores, com argila, a importância da colagem, entre tantos outros recursos expressivos que serão apresentados. 

Nosso olhar é o da Fenomenologia, que acolhe o que a criança nos entrega sem pré-determinações. É a criança que nos mostra o seu mundo, a partir de sua criatividade, e em uma relaçao de parceria e cumplicidade vamos ampliando o nosso horizonte de compreensão.

O curso acontecerá em um fim de semana, e está estruturado da seguinte maneira: 
Iniciaremos com uma exposição teórica sobre os principais fundamentos da Fenomenologia Existencial, o trabalho com a criança, e a apresentação dos recursos arteterapêuticos que podem ser aplicados nesse contexto.

Porém, nossa proposta é que seja um curso predominantemente vivencial, pois quando o profissional propõe à criança uma atividade expressiva, é importantíssimo que ele tenha tido a vivência prévia com tal recurso. Isso faz toda a diferença! 
Dessa forma, preparamos um roteiro de vivências para que os alunos experienciem as técnicas que poderão ser utilizadas com seus clientes. Esse roteiro também foi pensado de forma que o aluno faça uma jornada interna de resgate à sua criança interior, pois é cuidando dela que podemos oferecer o cuidado para a criança que está fora. 

Teremos vivências para cada fase do trabalho infantil: 
- O início, a acolhida e a formação de vínculo;
- A avaliação psicólogica da queixa apresentada;
- O trabalho psicoterapêutico propriamente dito;
- O momento da alta.

Além das atividades vivenciadas, será entregue uma apostila com outros recursos arteterapêuticos, complementando o conteúdo do curso.

Público Alvo: Psicólogos, psicopedagogos e estudantes dessas áreas.

Data: 26 e 27 de novembro de 2016

Horário: 8h30 às 18h00

Valor: R$ 500,00 (Pagamento via PagSeguro, facilitado em até 18x) – Material de todas as vivências incluso.

Local: Espaço Cuidar – Clínica Psicológica e Centro de Estudos
Rua Paulistania, 242 – Sala 12 – Vila Madalena (próximo à estação do metrô Vila Madalena)

Profissionais:
Anna Paula R. Mariano – Psicoterapeuta Existencial, Arteterapeuta e coordenadora do Espaço Cuidar
Audrei Souza – Psicóloga, Coach, Terapeuta Floral e Arteterapeuta
Rosane Cotta Seilhe Perrote – Terapeuta Naturista e especializanda em Arteterapia

Para fazer inscrição:
Clique aqui para acessar o site do Espaço Cuidar, clique no link referente ao curso e siga os passos que serão orientados.

Mais Informações: espacocuidar@gmail.com

30 de ago. de 2016

Novidades no Espaço Cuidar com Arte

Hoje quero compartilhar algumas novidades que estão acontecendo por aqui!
Uma parceria linda entre arteterapeutas apaixonadas pela profissão começou a se formar e, desse encontro, muitas ideias, muitos sonhos e muita criatividade!



Estamos organizando nosso primeiro evento para um final de semana de novembro. Abordaderemos o trabalho arteterapêutico voltado para o atendimento clínico infantil no enfoque fenomenológico-existencial.

Será um curso voltado para psicólogos, pedagogos, psicopedagogos e estudantes dessas áreas, que buscam referenciais teóricos e práticos para a atuação junto a crianças em clínicas, escolas, creches, no trabalho em grupo ou individual.

O curso apresentará exposição teórica sobre a Fenomenologia Existencial, a criança e seu mundo e a Arteterapia e muitas propostas vivenciais a partir dos recursos arteterapêuticos.



Como estamos montando as atividades práticas e os temas abordados, aceitamos sugestões! Quais os desafios do atendimento infantil? O que você gostaria de saber sobre a prática com a criança? Deixe as sugestões nos comentários!

Mais informações, em breve!

Um forte abraço
Anna Paula R. Mariano

 


2 de ago. de 2016

Separatio - Separar para integrar

No post anterior, falamos sobre a matriz, que está relacionada ao feminino, à natureza, ao inconsciente como essa força e geradora de vida, que temos acesso em nós, se lembrarmos de buscar essa fonte, de nos conectarmos com ela. Hoje vamos ver uma das operações alquímicas, a "separatio" - que quer dizer separação: é o principio masculino, o princípio do logos, do discernimento, da discriminação
Pensando na teoria junguiana, a matriz é como se fosse um mar de forças latentes, que nada mais é do que o incosciente coletivo. Quando nascemos, estamos mergulhados nesse mar indiferenciado de energias, e aos poucos vamos nos diferenciando. É como se do meio desse mar fosse surgindo uma ilha. Essa ilha é a cosciência, e o centro da ilha corresponde ao Ego. 
O Ego é o princípio ativo que vai promover a diferenciação do mar original de energias. O Ego pode ser visto como o herói que mata o dragão, que salva a donzela e enfrenta os monstros.
E o que significa tudo isso?
Nascemos imersos na matriz - que nos oferece energia, força, vida... é a mãe. Mas não podemos ficar no colo da mãe, simplesmente. Temos que nos diferenciar e é o Ego que faz isso. 
A primeira diferenciação que fazemos é dividir o mundo em dois: sujeito/objeto, dentro/fora, bem/mal, Ego/não Ego. Polarizar é uma tarefa bem complexa. 
Depois de diferenciarmos os opostos, nos identificamos com um dos polos, e o outro vai para o incosciente. 
É um ato de amadurecimento suportar todos os opostos, pois eles são as duas faces da mesma moeda. Mas esse amadurecimento vem com o tempo, com as experiências, com nossa abertura para o aprendizado. 
Vamos observar a primeira figura: 


Vemos o alquimista cortando o ovo filosáfico. O ovo é também uma imagem, um símbolo do início, além da forma arredondada, que também é simbolica. Portanto, cortar o ovo é cortar a unidade primordial. Antes da divisão, não há angústias, tudo é uma coisa só. Mas quando se divide, surgem as angústias, porque nesse momento temos que nos posicionar entre os dois polos. Por isso que essa diferenciação não é uma tarefa fácil. Viver na inconsciência original é como aquela pessoa que não para para pensar, ela se identifica com uma leitura da realidade e não questiona se existe outras possibilidades.ela segue a vida pela receita, pela consciência de sua época. É uma pessoa que não cresce, não amadurece. Segue o fluxo, apenas. Ela não cortou o ovo. O primeiro passo é separar-se dessa situação de indiferenciação. A consciência surge da diferenciação entre os opostos.
A segunda figura apresenta o mito de criação do Egito:


Marie Luise von Franz nos diz que qualquer mito de criação se inicia com a separação: o céu da terra, dividir os animais, a noite do dia. Para criar um ambiente organizado, para passar do caos ao cosmo, é necessário separar, diferenciar as coisas. Não dá para viver em um mundo sem orientação. Essa é a primeira operação. Na figura temos Nut (Céu) e Geb (Terra), o feminino e o masculino. Não cabe contar o mito aqui, mas é importante dizer que ele narra a separação entre céu e terra, assim como a mitologia grega conta a história da separação de Géia (Terra)  e Urano (Céu).
O próximo passo depois da divisão em dois polos, é a divisão em quatro partes. Essa é uma divisão arquetípica - vejam os quatro elementos (terra, fogo, água e ar). O 4 é uma ordenação que anuncia o 5, que é o número que representa a totalidade - o quinto elemento, éter, que é a junção dos quatros elementos.
Precisamos dividir para criarmos identidade, e só depois podermos os juntar novamente, em uma relação madura, por exemplo, com cosciência do que é meu e o que é do outro. quando o relacionamento, seja qual for a sua natureza, cria uma relação simbiótica (indiferenciada), nenhum dos dois crescem. E aqui está a importância da Separatio!
Abaixo, a terceira figura:


O alquimista está fazendo um desenho. Ele busca proporções harmoniosas, busca fugir dos extremos e chegar no centramento (que no linguagem junguiana corresponde ao Self). O trabalho alquímico gera a beleza, a harmonia e a ética, que são virtudes necessárias para um bem viver. Quando usamos bem nossa energia, nos mantemos em princípio homeostático, onde as coisas funcionam ordenadamente, tanto na psiquê quanto no corpo. Mas vivemos em uma sociedade que transforma o ouro em chumbo, que é o contrário do trabalho alquímico - que transforma o chumbo em ouro. 
As duas próximas figuras nos apresentam a separação e a integração.



Devemos nos separar/diferenciar, mas somos seres em relação, eu só sou com o outro. Para fazer a integração é preciso trabalhar com os opostos, trabalhar com a sombra, com tudo que não está no consciente. Para integrar é preciso evitar a unilateralidade. E só integrando todos esses conteúdos é que podemos amadurecer e transformar, ao longo do tempo, através das experiências, nosso chumbo em ouro. 

Para ver os outros posts dessa série, clique nos links abaixo:


22 de jul. de 2016

A Matriz

Vamos continuar essa série de textos sobre alquimia e processo de individuação. Estamos em nosso quinto texto. Quem não leu os anteriores, os links estão abaixo:
Iremos agora falar sobre o que os alquimistas consideravam a matriz de seu trabalho e fazer a correlação dessa ideia com a Psicologia Analítica.
A matriz do trabalho alquímico é justamente a natureza, enquanto um princípio feminino. Jung nos diz que o homem se afastou da natureza e dos próprios instintos ao longo do tempo, e por isso é tão importante e urgente recuperar esse contato.E na Psicologia Analítica podemos relacionar a natureza ao inconsciente coletivo, que é o âmbito em que brota nossa consciência. 
Na história da Filosofia Ocidental a oposição entre matéria e espírito se faz presente de forma marcante, fato que favorece esse distanciamento da matriz, a qual é vista como um princípio arquetípico que gera, nutre, acolhe e coloca a pessoa em contato com a força do viver. 
Esse arquétipo é antiquíssimo e todos os seres vivos participam dessa matriz.   
Segundo Jung, quando falta conexão com a matriz arquetípica, ocorre uma falha psíquica. Como exemplo podemos citar pessoas que são vítimas de severas depressões, e chegam a morrer. 
Abaixo, uma imagem da representação do cosmo por um alquimista famoso, Robert Fludd. Nessa representação temos os círculos externos que remetem ao céu - o mundo celestial, do espírito. Ao centro, temos o macaco representando nosso lado instintivo e ligando esses dois âmbitos, a figura feminina que simboliza a natureza, a mãe de todas as coisas e a alma do universo. 



A seguir, vejam esse documento alquímico, repleto de símbolos que buscam compreender a complexidade do universo - e poderíamos dizer, a complexidade de nosso incosciente! No topo, o corpo de uma mulher, Sophia, Sabedoria. Para Jung, tanto a matéria quanto o espírito não podem ser comprovados pela ciência. A matéria ainda é um mistério. O homem da antiguidade sabia disso e não se incomodava, pois atribuia a essa vivência contornos sagrados. Porém, como já foi dito, o homem moderno perdeu essa conexão, mas o mistério continua. Percebemos que o homem tem sede dos dois lados: ele quer entender a objetividade, mas também precisa do mistério, e o desafio é equilibrar esses dois aspectos. Muitas questões que as pessoas levam para o consultório são decorrentes dessa cisão.



Na próxima imagem, vemos a representação da natureza linda, formosa, caminhando com firmeza, ainda que de forma delicada, e o alquimista a seguindo, caquético, de bengala. "Deixe que a natureza seja seu guia". Precisamos de uma atitude de colaboração, amizade e reconhecimento de ambas as partes. 
Transpondo isso para o contexto terapêutico, podemos pensar em nossos sonhos, naquilo que almejamos. Quando eles brotam de um desejo verdadeiro, precisamos nos deixar guiar por essa natureza (conexão com o sagrado) e assim como os alquimistas, transformar o que surge na psique, a partir dos processos terapêuticos: pela palavra, pela arte, através de relaxamentos. Fazer com que o inconsciente relaxe e apareça uma nova compreensão. Esses processos nos ajudam na construção de sentidos para o que vivemos. Devemos acreditar que as respostas estão dentro de nós, caso contrário nada adianta o gasto de energia na busca de uma "cura".
Infelizmente, muitas pessoas perderam essa confiança e não acreditam mais. Temos que nos propor, então a natureza se propõe também. Esse é um diálogo que precisa ser mantido. 



A imagem a seguir, temos um detalhe do pórtico principal da Catedral de Notre Dame, em Paris. Podemos observar a imagem de uma pessoa que tem a cabeça no céu (contato com as ideias superiores) e os pés plantados no chão (aspecto da realidade mais concreta), fazendo a conexão entre céu e terra. A escada se apresenta como a ordem a ser seguida. O livro, a busca pelo conhecimento, tão almejado. O cedro simboliza o saber real, e é símbolo de poder. 
Podemos fazer algumas reflexões sobre essa imagem tão simbólica: todo conhecimento nos confere poder e deve ser bem usado. Os alquimistas alertavam que as trasnformações não acontecima apenas nos processos externos, mas que deveriam ter uma correspondência com os processos internos, para que houvesse um desenvolvimento, acima de tudo, ético.



E para finalizar o texto, a última imagem na qual podemos ver o alquimista mediando a natureza (anjo) e a tecnologia (o forno dentro da construção).



Sabemos que o homem passa por dois nascimentos: o biológico e o nascimento da consciência. Fazer com que a luz da consciência brilhe, se expanda e seja usada de forma positiva é a Opus Magnum de uma vida. Recebemos potências psíquicas da natureza (arquétipos), mas o que fazemos com isso?
Perdemos a confiança nas nossas percepções, na nossa intuição. Tudo tem que ser encaixado e categorizado. Temos um script social a ser seguido e quanto mais buscamos andar nesse trilho, mais distantes estamos da nossa essência. 
Como construir essa ponte entre o visível e o invisível? Pois precisamos dos dois, em um equilíbrio perfeito...
Algumas dicas, apenas... há tantos caminhos quanto sua imaginação permitir!
Converse com alguém mais velho, pergunte sobre coisas da vida e escute sua sabedoria;
Peça inspiração para natureza, se conecte com ela, aprecie um lindo pôr do sol ou apenas veja as folhas de uma árvore dançando ao vento;
Dance ao vento, ouça música que te toque a alma profundamente;
Leia poesia;
Passeie por um livro de Arte e visite museus;
Brinque com seu bichinho de estimação;
Faça a comida que você mais gosta e compartilhe com alguém querido;
Resgate rituais, eles tem o poder de acessar nossa força interior;
Conviva mais com o outro, estamos carentes de reuniões de alma; 
E por fim, perceba a beleza no cotidiano, pois nele está incluído um poder imenso de sacralidade que não nos damos conta!
Quando esquecemos de todas essas coisas, a vida vai ficando vazia. 
Os alquimistas queriam fazer justamente essa reconexão: transformar a matéria simples (cotidiano) em ouro, desde que se veja o ouro presente nessa matéria simples!

Para você pensar:
Nós somos seres criativos, por natureza. E o que fazemos com essa potência que temos?   
A criatividade que existe em nós busca sempre um caminho de expressão. De que forma estamos dispostos a abrir esse caminho?





28 de jun. de 2016

O triunfo da cor. O pós-impressionismo: obras-primas do Musée d'Orsay e do Musée de I'Orangerie

Ainda dá tempo!!! A exposição está em cartaz em São Paulo, no Centro Cultural Banco do Brasil, até dia 07/07/2016.
Fui semana passada e fiquei encantada. Gosto demais dos pintores dessa época, pela atitude livre e revolucionaria com que lidavam com a Arte: "Os impressionistas impõem a superioridade da percepção visual à expressão da sensibilidade contemporânea - em uma sociedade dominada pelo movimento e pela velocidade, sua pintura põe abaixo a concepção de uma arte baseada em cânones estéticos imutáveis. A subjetividade da percepção permite que a cor se emancipe das tonalidades regionais e de sua relação puramente mimética com a realidade." (Isabelle Cahn, curadoria científica da exposição)
Logo que a exposição começa, você se depara com Van Gogh, com suas cores vivas em pinceladas longas na tela. Ele escolhia as tonalidades de seus quadros de acordo com o efeito emocional que as mesmas causavam e dizia: "A cor expressa por si só alguma coisa".


Também encontramos Toulouse-Lautrec, com suas cenas de caráter banal e privado, retratando o mundo do espetáculo parisiense e dos prazeres noturnos.



Fico mesmo impressionada (sem trocadilhos, rs!) com a técnica do pontilhismo, representadas nas pinturas de Seraut, Signac, Pissaro, Cross entre outros. "Em 1883-1884, Seraut desenvolve um método científico, baseado na divisão das pincelas. As cores não são representadas diretamente: elas nascem da justaposição de tons, calculados em função dos seus efeitos ópticos. O olho recompõe a distância o conjunto de pontos e traços minúsculos aplicados sobre a tela de forma paralela ou perpendicular"


Caminhando pela exposição, encontramos outro grupo de pintores que também dão um lugar de destaque à cor em suas obras: os Nabis - profetas de uma nova arte (assim eles se definiam). A cor deveria realçar o tema da obra, e era apresentada ora em uma paleta suave, ora em cores mais vivas.


No subsolo do prédio, a exposição continua e temos um encontro com Monet, Cézanne, Gauguin, Derain, Matisse entre outros. Ao acompanhar esse caminho, percebemos a expressão da cor, na obra desses artistas, em uma liberdade cada vez maior. Olhem o que dizia Cézanne: "Pintar é registrar suas sensações coloridas". Na virada do século (início de 1900), a revolução cromática inaugura uma nova fase com os "Fauves", ou Fauvismo, que adotam cores puras e agressivas como uma forma de linguagem expressica autônoma. Essa ousadia cromática impõe a primazia das sensações visuais.



"O Fauvismo surgiu do fato de que nos colocávamos totalmente distantes das cores de imitação, e que com as cores puras obtínhamos reações mais fortes - reações simultâneas mais evidentes; e havia também a luminosidade das cores". Georges Duthuit, "Les Fauves", Les Fauves, 1949.

Observe o quadro abaixo, de Maurice Vlaminck. Temos a representação de uma natureza morta em um colorido agressivo, onde os objetos estão colocados e diferentes perspectivas. Nessa obra, o pintor brinca com o contraste entre o azul e o laranja, o frio e o quente, a luz e a sombra. O fato de alguns elementos como o quadro acima da mesa ou o prato em sua beirada aparecerem de forma torta, causando a sensação de desequilibrio, que por sua vez, traz a ideia de movimento à composição.



Enfim, esses são apenas algumas obras que eu destaco, mas tem muito mais!
Quem foi, ou ainda vai, conta aqui um pouco sobre a experiência!

Links interessantes: 


Referências das telas desse post:
1- Vicent Van Gogh (1853 - 1890) - Fritilárias coroa-imperial em vaso de cobre, 1887.
2- Henri de Toulouse-Lautrec (1864 - 1901) - La Toilette, 1889.
3- Paul Signac (1863 - 1935) - Jovens provençais no poço, 1892.
4- Ker-Xavier Rossel (1867 - 1944) - As estações da vida, 1895.
5- Claude Monet (1840 - 1926) - O sagueiro-chorão, entre 1920 e 1922.
6- Maurice Vlaminck (1976 - 1958) - Natureza Morta, 1910.






21 de jun. de 2016

Arteterapia com Idosos

No último final de semana, as arteterapeutas cariocas Luciana Machado e Sônia Santos estiveram aqui em São Paulo dando o curso "Como trabalhar ARTE com idosos", módulo I.


O que eu tenho a dizer? Que simplesmente foi uma experiência fantástica, em todos os sentidos!
Primeiro, porque admiro demais o profissionalismo delas - o cuidado com que preparam as vivências, a qualidade do material oferecido e a generosidade em compartilhar tantas experiências enriquecedoras!
Além disso, o grupo formado foi muito especial - a integração logo aconteceu, o clima foi de troca e muito aprendizado!

Sem falar na energia boa do local onde o curso aconteceu - na Comunidade Dedo Verde, formada por um grupo de amigos que tem a proposta de viver em comunidade, oferecendo trabalhos que promovam o desenvolvimento do ser humano de forma integral. Quem nos acolheu com muito carinho foi a Marina, que além de participar das atividades com sua arte, preparou deliciosas refeições veganas para o grupo! Gratidão, Marina!



O trabalho arteterapêutico com o idoso é de uma riqueza sem tamanho! É muito bom saber que a Arteterapia pode oferecer tantos recursos para o trabalho com esse público. Em um final de semana vivenciamos algumas técnicas que podem ser aplicadas com os idosos, e elas abrem caminhos para infinitas possibilidades.
Pudemos resgatar partes da nossa história, a partir do nosso nome,


plantamos uma árvore a partir de materiais improváveis,


inspirados na arte de Monet, nos arriscamos em uma tela em branco, colorindo a vida,



brincamos com as cores, descobrindo novas cores, na medida em que elas se misturavam na dança de nossas mãos,




construímos caminhos com massinhas, mas de uma forma totalmente inusitada,




aproveitamos o momento junino e nos inspiramos na obra de Volpi para criar com bandeirinhas a nossa cena,


entramos em contato com os opostos da vida...



E teve muito mais! Trabalhos com memória, cognição, dança sênior...
Não posso deixar de mencionar a Nina, integrante da Comunidade Dedo Verde, que também teve uma participação bem ativa em nosso final de semana!



E mais uma vez, agradeço às queridas Luciana e Sônia, pela disponibilidade com que nos atenderam, e à querida amiga Rosane, que organizou tudo com muito carinho e atenção!


Com certeza, o trabalho realizado nesse fim de semana foi inspirador e terá muitos desdobramentos!
Saí cheia de sementes que serão plantadas e cuidadas, para que deem lindos frutos.
E para fechar, deixo um texto que nos foi entregue, para refletirmos: De que forma estou vendo a minha vida? Como faço as minhas escolhas?

Receita da Dona Cacilda

Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, miúda e tão elegante, que todo dia, às 8 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada, discretamente maquiada, apesar de sua pouca visão. E hoje ela se mudou para uma casa de repouso; o marido, com quem ela viveu 70 anos, morrei recentemente e não havia outra solução.
Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em direção ao elevador, dei uma descrição do seu minúsculo quartinho, inclusive das cortinas de tecido florido que enfeitavam a janela. Ela me interrompeu com entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorro.
- Ah, eu adoro essas cortinas!
- Dona Cacilda, a senhora ainda não viu seu quarto, espera mais um pouco.
- Isso não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília vai estar arrumada. Vai depender de como eu preparo a minha expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo. Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho em certas partes do corpo que não funcionam bem ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem.
- Simples assim?
- Nem tanto. Isso é para quem tem autocontrole e exigiu de mim um certo “treino” pelos anos a fora, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em consequência, os meus sentimentos.
Calmamente ela continuou:
- Cada dia é um presente. E enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua “conta de lembranças”. E, aliás, obrigada por seu depósito no meu Banco de Lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica.
Depois, pediu-me para anotar:
1.                 Jogue fora todos os números não essenciais para sua sobrevivência. Isso inclui idade, peso e altura. Deixe seu médico se preocupar com eles. Para isso ele é pago.
2.                 Frequente, de preferência, seus amigos alegres. Os “baixo-astrais” puxam você para baixo.
3.                 Continue aprendendo. Aprenda mais sobre computador, artesanato, jardinagem, qualquer coisa. Não deixe seu cérebro desocupado. Uma mente sem uso é oficina do diabo e o nome do diabo é Alzheimer.
4.                 Curta coisas simples.
5.                 Ria sempre, muito e alto. Ria até perder o fôlego; ria para você mesmo no espelho, ao acordar e que o sorriso seja a sua última atitude antes de dormir.
6.                 Lágrimas acontecem. Aguente, sofra e siga em frente. A única pessoa que acompanha você a vida toda é você mesmo. Esteja vivo enquanto viver e seja uma boa companhia para você mesmo.
7.                 Esteja sempre rodeado daquilo que você gosta: pode ser a família, os amigos, animais, lembranças, música, plantas, um hobby, o que for. Seu lar é seu refúgio, sua mente seu paraíso.
8.                 Aproveite sua saúde. Se for boa, preserve-a. Se está instável, melhore-a da maneira mais simples: caminhe, sorria, beba água, ore, veja comédias, leia piadas ou histórias de aventuras, romances, comédias.
9.                 Não faça viagens de remorsos. Viaje para o shopping, para cidade vizinha, para um outro país, pegue carona numa cauda de cometa, imagine os mais diversos objetos formados pelas nuvens no céu, mas evite as viagens ao passado, pois você pode fica retido na estação errada. Escolha as lembranças que quer ter; não se deixe dominar por elas ou perderá o direito à escolha.
10.             Diga a quem você ama que realmente o ama, e diga isso em todas as oportunidades, através do olhar, do toque, das palavras, das ações diárias e do carinho. Seja feliz com seu próprio sentimento e não exija retribuição. você terá, de graça, o que o outro sentir; nada mais, nada manos.
(Texto retirado do livro: Códigos da Vida, Legrand, Soler Editora)

E você, já pensou qual é a sua receita de vida?

Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre o trabalho da Luciana Machado e da Sônia, ela tem um página no facebook. Clique aqui

E a Comunidade Dedo Verde também. Clique aqui.