A Arteterapia é ao mesmo tempo um campo de conhecimento e um fazer prático. Enquanto campo de conhecimento localiza-se na interface de diversas saberes – Psicologia, Pedagogia, Arte, Filosofia. Como fazer prático, utiliza-se de recursos artísticos empregados através da relação arteterapeuta/cliente, em contexto terapêutico.
Segundo
Ciornai,
Arteterapia
é o termo que designa a utilização de recursos artísticos em contextos
terapêuticos. Essa é uma definição ampla, pois pressupõe que o processo do
fazer artístico tem o potencial de cura quando o cliente é acompanhado pelo
arteterapeuta experiente, que com ele constrói uma relação que facilita a
ampliação da consciência e do autoconhecimento, possibilitando mudanças. (2004,
p.7)
Os
recursos artísticos utilizados no processo arteterapêutico devem respeitar
alguns critérios importantes para que os objetivos do trabalho sejam atingidos.
Em relação aos recursos artísticos, Bernardo refere que,
sua
utilização deve estar em sintonia com o tema e questões que se pretenda
trabalhar, adequando-se ainda à população, idade e contexto, para atender às
necessidades específicas do(s) cliente(s), é de extrema importância que o
arteterapeuta fundamente a sua prática e propostas no conhecimento teórico e na
vivência pessoal a respeito de cada recurso utilizado em seu trabalho e suas
indicações. (2013, p.11)
A
Arteterapia pode ser desenvolvida em diversos contextos e por profissionais de
áreas diferentes, dentro das profissões que cuidam do humano e dialogam entre
si (psicoterapeutas, psiquiatras, fonoaudiólogos, psicopedagogos,
arte-educadores). Essa diversidade também abrange a orientação teórica que
fundamenta o trabalho arteterapêutico. Por ser um campo tão vasto de
possibilidades, a Arteterapia comporta o trabalho individual ou grupal,
abrangendo todas as faixas etárias.
O trabalho
arteterapêutico deve ser entendido como um processo no qual é possível
observar, através da relação arteterapeuta/cliente, as transformações que
ocorrem na psique daqueles que participam desse trabalho, e as novas
configurações que surgem no cotidiano de cada indivíduo, na construção de
histórias de vida onde escolhas autênticas se façam mais presentes. (BERNARDO,
2013)
É
interessantes observarmos o quanto a Arte nos permite a expressão de conteúdos
internos, o contato e elaboração de sentimentos e vivências, muitas vezes
através de uma via não-verbal, abrindo espaço, de forma criativa, para uma
compreensão mais ampla dos processos psíquicos em interação com o ambiente.
Podemos dizer que a Arte é um caminho de expressão das emoções, caminho este
que facilita o encontro de cada indivíduo com o seu si mesmo. É como nos diz
Bernardo:
(...)
Arteterapia consiste em concretizar fora de nós, através de recursos
expressivos, as imagens que nos habitam, o que nos ajuda a perceber o fio que
reúne essas imagens numa única narrativa, propiciando a nossa participação consciente
na criação de nosso mito pessoal. (2012, p. 20).
O
fazer em Arteterapia não exige técnica e nem está ligado a padrões estéticos
que facilmente inibiriam a expressão dos conteúdos de cada indivíduo. A
liberdade de expressão é a moldura do setting
terapêutico, uma vez que é necessária uma atmosfera acolhedora que facilite o
despertar da criatividade, livre de julgamentos estéticos ou morais. Tudo o que
é produzido é acolhido pela compreensão. (BERNARDO, 2013).
É
importante refletirmos sobre o potencial criativo do humano em um momento
social onde tudo é tão massificado, onde o tempo é apenas o cronológico, e o script a ser seguido já está dado. Um
momento em que as relações se inscrevem no mundo virtual, muitas vezes de forma
distante e vazia, onde sentimentos são banalizados e conseguimos perceber a
alienação por todos os lados.
Poder
se diferenciar da massa e caminhar em busca de verdades próprias, de forma
criativa e autêntica é o foco de interesse deste trabalho. Para isso, a
Arteterapia é, por excelência, um contexto que permite o resgate dessa
criatividade, tão necessária para a busca de novos caminhos, novos contornos,
que promovam a saúde e o equilíbrio em todos os sentidos – físico, mental,
psicológico e espiritual. Ao acessar seu potencial criativo, o indivíduo está
em contato consigo mesmo e isso permite que ele possa trazer à luz as suas
questões para serem devidamente trabalhadas no contexto terapêutico.
BERNARDO, P. P. A prática da Arteterapia: correlações entre temas e recursos. Vol. I: Temas Centrais em Arteterapia. 4. ed. São Paulo: Arterapinna Editorial, 2013.
CIORNAI, S. (org.) Percursos em Arteterapia: arteterapia gestáltica, arte em psicoterapia, supervisão em arteterapia. São Paulo: Summus, 2004.
BERNARDO, P. P. A prática da Arteterapia: correlações entre temas e recursos. Vol. I: Temas Centrais em Arteterapia. 4. ed. São Paulo: Arterapinna Editorial, 2013.
CIORNAI, S. (org.) Percursos em Arteterapia: arteterapia gestáltica, arte em psicoterapia, supervisão em arteterapia. São Paulo: Summus, 2004.
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